Todos somos espíritos em evolução, então, após assistir as reuniões públicas, precisamos ter vontade para mudar nossas atitudes, ler os livros indicados pela Doutrina e fazer a Limpeza Psíquica nos horários indicados. Por Felino Alves de Jesus.

Matéria e Energia - Por Felino Alves de Jesus

Inúmeras têm sido as pesquisas de estudiosos para saberem o que é realmente a matéria, como é constituída, sua formação, seu fim. Consequentemente, numerosas são as teorias que surgem.

Suponhamos que tomamos uma certa quantidade de uma determinada matéria: um pouco d'água em uma vasilha, por exemplo. Suponhamos que entornemos metade da água contida na vasilha, permanecendo nela a outra metade; admitamos que, em seguida, tornemos a derramar metade da água restante. Se pudéssemos repetir, pelos meios mecânicos de medida, continuamente, esta operação, chegaria um momento em que não mais poderíamos fazer uma nova divisão na água restante, pois teríamos chegado à partícula mínima que caracteriza a água, isto é, teríamos chegado à molécula de água.

Entretanto, se estudarmos quimicamente esta molécula, chegaremos à conclusão de que ela é formada por outras pequenas partículas: ela pode ser decomposta, por intermédio de uma corrente elétrica, em duas partículas de hidrogênio e uma partícula de oxigênio.

Uma substância que não possa ser decomposta em outras substâncias é denominada elemento. O hidrogênio e o oxigênio são elementos, pois não podem ser subdivididos em outras substâncias.

A menor partícula de um elemento é denominada átomo.

Portanto, vimos que a molécula da água é constituída de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio.

O número de corpos simples, isto é, de elementos conhecidos, é de noventa e dois. Os átomos do mesmo elemento são semelhantes; entretanto, os átomos de elementos diversos diferem entre si. O átomo do hidrogênio, por exemplo, difere do átomo do oxigênio.

Os átomos dos diferentes corpos simples, ligados entre si de modos diversos, formam as moléculas dos corpos compostos.

Portanto, fazendo combinações com os corpos simples conhecidos, o homem pode obter um número enorme de corpos compostos.

Durante muito tempo se pensou que o átomo fosse a menor partícula de matéria conhecida. Entretanto, veremos que as investigações mais recentes nos mostram que mesmo os átomos são constituídos de partículas menores.

Os cientistas concordam unanimemente com a descontinuidade da matéria, embora filósofos afirmem a sua continuidade.

Quando falamos em continuidade ou descontinuidade da matéria, queremos saber se a matéria, que a nossos olhos se apresenta como um todo, realmente o é, ou se se trata de partículas reunidas, muito próximas, com maior ou menor força de atração entre elas.

Conseqüentemente, se a matéria é descontínua, suas pequenas partículas componentes devem estar envolvidas pelo vazio, isto é, pelo éter.

Já falamos antes a respeito da descontinuidade da matéria até os átomos, isto é, a matéria é formada de moléculas que, por sua vez, são constituídas de átomos.

Vejamos, porém, a descontinuidade dentro do átomo.

Depois de uma série enorme de experiências chegou-se à conclusão de que os átomos são constituídos de duas partes: uma central, denominada núcleo, e outra exterior. O núcleo é formado de prótons e nêutrons, em conjunto; a parte exterior é formada apenas de elétrons.

Chama-se elétron a menor quantidade de eletricidade negativa que se pode obter livre. São os elétrons as partículas elétricas que formam os raios catódicos das válvulas Crookes e as partículas beta do radium e outros elementos radioativos.

Chama-se próton a menor quantidade de eletricidade positiva que se pode obter livre. Tem a mesma carga elétrica do núcleo do hidrogênio, razão porque é também conhecido com o nome de núcleo de hidrogênio ou de partícula H.

Chamase nêutron uma partícula que não contém carga elétrica e pode ser obtida pela fusão nuclear de alguns elementos.

A figura 1 nos mostra esquematicamente um átomo com o núcleo formado de quatro prótons e quatro nêutrons.


Os elétrons giram com movimentos rapidíssimos em torno do núcleo.

Os átomos em estado normal são eletricamente neutros, isto é, possuem tantos elétrons quanto prótons.

O núcleo tem sempre carga positiva, pois possui mais prótons que elétrons. Por outro lado, a parte externa tem sempre carga negativa por só possuir elétrons.

Se, por qualquer meio, conseguirmos introduzir em um átomo, em estado normal, alguns elétrons, ele ficará com carga elétrica negativa, pois haverá excesso de elétrons em relação ao número de prótons. Inversamente, se conseguirmos retirar de um átomo, em estado normal, alguns elétrons, ele ficará com carga elétrica positiva, pois haverá falta de elétrons em relação ao número de prótons, ou, em outras palavras, haverá excesso de prótons em relação ao número de elétrons.

Todo átomo que não esteja em estado neutro, isto é, que possua uma carga positiva ou negativa, tem a tendência de voltar ao equilíbrio, se possuir meio para isso, adquirindo os elétrons necessários ou expelindo os em excesso.

Agora que já falamos sobre cargas elétricas, positiva e negativa, podemos mostrar, esquematicamente, como se produz a corrente elétrica.

Suponhamos que coloquemos em posição horizontal um tubo, cujo diâmetro interno coincida com o diâmetro de uma bola de bilhar, permitindo o deslocamento desta pelo seu interior.

Admitamos que enchamos este tubo, de uma extremidade a outra, com bolas de bilhar (Fig. 2).


Se ambas as extremidades, A e B, estiverem abertas, e se empurrarmos mais uma bola de bilhar pela extremidade A, imediatamente sairá uma bola pela extremidade B, assim como haverá o deslocamento de uma bola em qualquer ponto do tubo. Em dois pontos quaisquer, M e N, por exemplo, haverá o deslocamento de uma bola.

Se, em um segundo, empurrarmos cinco bolas pela extremidade A, igualmente passarão, em um segundo, cinco bolas pelos pontos M e N e sairão cinco bolas pela extremidade B. Em outras palavras, a velocidade de deslocamento das bolas será a mesma em todo o comprimento do tubo.

Suponhamos agora que coloquemos alguns átomos em série (Fig. 3).


Se introduzirmos um elétron no átomo da extremidade A, um elétron deste será empurrado para o átomo M; o átomo M mandará um elétron para o átomo N, e assim por diante, de modo que sairá um elétron do átomo da extremidade B.
Este deslocamento de um elétron ao longo da série de átomos produz o que se chama corrente elétrica.

Se, em um segundo, introduzirmos cinco elétrons no átomo da extremidade A, igualmente em todos os pontos da série de átomos passarão, em um segundo, cinco elétrons e sairão cinco elétrons na extremidade B. Portanto, a intensidade da corrente elétrica é a mesma em todos os pontos do caminho por ela percorrido.

Admitamos que, no tubo da Figura 2, coloquemos um obstáculo na extremidade B, de tal modo que as bolas de bilhar não possam sair, e que, na extremidade A, ajustemos um tubo vertical cheio de bolas de bilhar, cuja tendência natural será de penetrarem pela extremidade A pela ação da gravidade (Fig. 4).


Façamos o mesmo raciocínio para o caso da série de átomos da Figura 3. Suponhamos que coloquemos na extremidade B um obstáculo (isolante) que não permita a passagem dos elétrons, e que, na extremidade A, ajustemos uma massa de elétrons com a tendência de penetrarem na série de átomos (Fig. 5).


Os elétrons da massa acumulada na extremidade A não poderão se deslocar em virtude de ter o isolante I barrado a passagem da corrente elétrica.

Como a extremidade A tem excesso de elétrons em relação à extremidade B, dizemos que a extremidade A é negativa e que a extremidade B é positiva.

Se substituirmos a série de átomos por um fio de uma determinada matéria, os fenômenos se passarão identicamente; apenas os elétrons terão maior quantidade de átomos por onde se deslocarem.

Admitamos, agora, que coloquemos em contato com uma série de uma mesma matéria, uma certa massa M de elétrons (Fig. 6)


Apesar da resistência oferecida pelo átomo A à penetração dos elétrons da massa M, esta tem força suficiente para vencê-la e fazer o deslocamento dos elétrons ao longo da série de átomos. Entretanto, pode acontecer que esta massa não seja suficiente para vencer a reação oferecida pelos átomos de uma outra matéria, e que seja necessária uma outra massa maior M1, a fim de que a corrente possa ser produzida (Fig. 7).


Portanto, concluímos que, para que possa circular corrente por um material, é necessário que a diferença de potencial entre as extremidades, isto é, o excesso de elétrons de uma extremidade em relação à outra, seja de valor tal que vença a resistência oferecida pelos átomos ao longo do qual deve ser estabelecida a corrente.

As diversas substâncias existentes oferecem diferentes resistências à passagem da corrente, de acordo com a constituição atômica de cada uma. Os metais, geralmente, oferecem pequena resistência à passagem da corrente, e são, por isso, denominados bons condutores. O melhor condutor conhecido é a prata. Há substâncias que oferecem tal resistência à passagem da corrente, isto é, deixam passar uma quantidade de corrente tão desprezível, que são denominadas isolantes. O vidro e a borracha, por exemplo, são substâncias isolantes.

Em princípio, podemos afirmar, porém, que todas as substâncias permitem a passagem de alguma corrente, desde que a diferença de potencial seja suficientemente alta para isto.

Uma coisa nos chama imediatamente a atenção. Se colocarmos em série átomos de substâncias diferentes e forçarmos a passagem de elétrons por uma extremidade, acontecerá o mesmo fenômeno explicado: os elétrons de um átomo passarão para o átomo vizinho simultaneamente com a entrada de elétrons no átomo da extremidade. Portanto, concluímos imediatamente que o elétron de uma determinada matéria é semelhante ao elétron de qualquer outra matéria, o mesmo acontecendo com o próton. E, então, podemos dizer que todas as substâncias têm a mesma origem - prótons e elétrons - variando as propriedades de cada matéria com sua estrutura molecular e atômica.

A Figura 8 nos mostra a estrutura eletrônica dos átomos de hidrogênio, hélio, oxigênio e magnésio, cujos números atômicos são, respectivamente, 1, 2, 8 e 12.

Praticamente se observa diferença de efeitos com a emissão de elétrons de átomos semelhantes.


A emissão de elétrons, obtida pelos raios catódicos, pelo calor ou pela luz, por exemplo, é feita com relativa facilidade e sem que sejam produzidas mudanças químicas nos átomos em que se efetue a emissão. Daí se conclui que os elétrons, nestas emissões, saem da parte externa do átomo e não do núcleo.

Entretanto, observa-se, também, uma outra espécie de emissão de elétrons, completamente espontânea, sem que possa ser regulada por meios artificiais. É o caso das emissões dos corpos radioativos. Nessas emissões há sempre uma modificação química nos átomos, pois, os elétrons, uma vez emitidos, já não voltam mais aos átomos. Daí se conclui que estes elétrons pertencem ao núcleo do átomo.

Cada próton pesa cerca de 1.840 vezes mais que o elétron, de modo que o peso atômico é fornecido quase que exclusivamente pelo núcleo, onde ficam localizados todos os prótons.

Os cientistas comparam os átomos a diminutos sistemas planetários em que o núcleo é o centro de atração e os elétrons giratórios fazem o papel dos planetas.
Ultimamente se admite que as partículas elementares dos átomos não são apenas as duas estudadas: prótons e elétrons. Admite-se que são quatro: nêutrons, de massa 1 e carga elétrica 0; pósitons, de massa 0,0015 e carga elétrica + 1 ; négatons, de massa 0,0015 e carga elétrica -1; e mésotons, também denominados elétrons pesados, cuja massa é 200 em relação ao elétron. [5]

Entretanto, não nos estenderemos a respeito.

Constantemente fala-se em éter. – Entretanto, o que é o éter? – Existe o éter? – E se existe, quais são suas propriedades?

A razão principal, supomos, que levou à crença da existência do éter, foi a impossibilidade da ação à distância sem alguma coisa portadora desta ação. Se o som produzido pelas vibrações de determinado objeto é transmitido pelo ar, semelhantemente alguma coisa deve ser o suporte, por exemplo, para a propagação da luz, ou para as atrações e repulsões elétricas e magnéticas.


Diz Gustavo Le Bon [6] que “sem o éter não haveria o peso, a luz, a eletricidade, o calor; o universo estaria silencioso e morto, ou se revelaria sob uma forma que não podemos pressentir. Diz que, embora a natureza íntima do éter chegue apenas a ser suspeitada, sua existência se impôs desde muito tempo, parecendo a alguns ser mais certa sua existência que a da própria matéria; e que sua existência se impôs quando foi preciso explicar a propagação das forças e a ação à distância.”

Admitida a existência do éter, diz-se, então, que todos os astros estão mergulhados neste mar fluídico, etéreo, cujo início e cujo fim, isto é, cujas posições limites, nosso campo de lucidez intelectual ainda não pode conceber e que se chama espaço.

Provavelmente todos viram, no mar ou em rios, o que se chama redemoinho. A água, girando velozmente, produz forças de atração e de tensão.

Admite-se que o éter possua igualmente, seus torvelinhos, seus redemoinhos, com forças de atração ou de repulsão. E a estas forças de atração ou de repulsão dá-se o nome de eletricidade. Aos redemoinhos em si, que produzem a eletricidade, dão-se os nomes de prótons e elétrons. A tensão que os prótons e elétrons produzem é denominada magnetismo.

“Provavelmente, diz ainda Gustave Le Bon [7], da condensação do éter efetuada na origem dos tempos por um mecanismo ignorado, se derivam os átomos, considerados, por vários sábios, e especialmente por Lamor, como núcleos de condensação do éter, que têm a forma de pequenos torvelinhos animados de uma enorme velocidade de rotação. A molécula material, escreve este último físico, está inteiramente constituída por éter, nada mais. Indubitavelmente, a grande velocidade de rotação das partículas de éter, transformadas em torvelinhos, dão à matéria a rigidez e o peso.”

Portanto, fisicamente falando, tudo o que vemos, sejam os astros, seja a cadeira em que sentamos, seja a água que bebemos, nada mais representa que a reunião de um número extraordinário de prótons e elétrons.

Por esta teoria nós nada mais seríamos que a condensação do éter, isto é, condensação de torvelinhos do éter.

O número de estrelas que se movem no espaço é enorme. Cada uma delas é um sol luminoso, e formam, com seus planetas envoltórios, inumeráveis sistemas solares.

A distância entre os sóis é tão extraordinariamente grande, que se mede pelo caminho que a luz, com sua velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, percorre em anos ou milênios.

A velocidade média de deslocamento dos sóis no espaço é de cerca de 100 quilômetros por segundo, formando espirais.

O nosso planeta, a Terra, gira em torno de nosso Sol a uma distância de 150.000.000 de quilômetros. Por aí podemos ver quão desprezível é a quantidade de matéria de nosso planeta em relação ao Universo.

Da mesma forma que dizemos que a Terra é desprezível em relação ao Universo, podemos dizer que o elétron é desprezível em relação à Terra. Basta dizer que, para conseguirmos um comprimento de um milímetro, colocando elétrons lado a lado, seriam necessários 10.000.000.000.000.000.000.000.000 de elétrons.

Em um átomo, a distância entre os elétrons da parte externa e o núcleo atômico não chega a um bilionésimo de milímetro; a velocidade destes elétrons é de 1.000 a 150.000 quilômetros por segundo, e em um segundo eles dão milhões ou bilhões de voltas em torno do núcleo.

Portanto, um átomo contém em si uma quantidade fantástica de energia. Se a indústria pudesse utilizar esta energia, teria à sua disposição uma fonte gigantesca e inesgotável de força. Entretanto, tudo indica que não está longe a época de ser possível a aplicação industrial da energia atômica. A bomba atômica já foi um passo para isso.

Diz Fritz Kahn [8] que “com a energia existente em um átomo de cobre de uma moeda, seria possível, a um navio de 50.000 toneladas, dar várias vezes a volta da Terra; que, com uma colher de chá de carvão em pó – desde que ele não fosse queimado mas desintegrado em seus átomos –, poder-se-ia aquecer por 24 horas, em pleno inverno, todas as casas de Nova Iorque”.

Muitos físicos adotam a teoria do átomo inextensível, isto é, como sendo condensação do éter, em movimentos violentamente fortes. À primeira vista parece ser absurdo; a matéria é formada de partículas que realmente não existem. Neste caso a matéria não existiria: seria apenas uma ilusão.

– Entretanto, será o éter uma matéria em outro estado, que não o sólido, o líquido ou gasoso?

“A verdade, diz Paul Gibier [9], é que os físicos estão hoje de acordo, considerando os corpos mais densos como representando apenas em aparência uma superfície contínua, como por exemplo, uma esfera oca de prata, cheia de água e soldada hermeticamente. Colocando sobre uma bigorna esta bola e batendo-se-lhe com um martelo, a água escapa-se por todos os poros do metal a cada golpe do martelo e vem aflorar a sua superfície, segundo experiências dos acadêmicos de Florença.”

“O volume das moléculas, continua ele, pode ser, quando muito, avaliado por milionésimos de milímetros, e mesmo levando em conta o espaço relativamente considerável que as separa, é ainda por trilhões, quintilhões, sextilhões, que devemos contá-las em um milímetro cúbico.”

“Elas estão em um estado contínuo de agitação, de projeção, de choques violentos, de atrações, de repulsões enérgicas, das quais é, sem dúvida, um pálido reflexo o movimento browniano das partículas microscópicas. Fazemos uma idéia do seu tremendo turbilhão, quando vemos que no hidrogênio, em pressão e temperatura ordinárias, as moléculas deste gás estão animadas de velocidade mais ou menos de 2.000 metros por segundo (Joule) e que cada uma sofre de suas vizinhas cerca de 17 bilhões de choques no mesmo espaço de tempo.”

A Ciência já conseguiu obter vastos conhecimentos sobre os movimentos dos corpos celestiais. E se admite que as leis dos movimentos moleculares são perfeitamente semelhantes às que regem os dos corpos-celestiais.

Afirmam estudiosos famosos que a quantidade de energia existente no sistema solar com possibilidade de transformação não chega a mais de 454a parte da energia que possuía no estado de nebulosa. Esta quantidade de energia transformável ainda é enorme, considerada por nossos sentidos, mas ela também ir-se-á degradando. Haverá uma época, incomensuravelmente distante ainda, sem a menor dúvida, em que não haverá mais energia transformável no universo. A energia em si persistirá, porém, sob a forma de movimentos atômicos.

– Como poderia acontecer isto?

Os movimentos dos corpos celestiais ir-se-iam amortecendo, os planetas não mais circulariam em torno dos sóis extintos; as massas ir-se-iam aglomerando cada vez mais, ficando, finalmente, reunidas em uma única; esta massa única giraria ainda muito tempo sobre si mesma até ficar completamente imóvel em relação ao espaço ambiente.

“Tal é o destino do Mundo, diz Paul Gibier [10], como todo o ser que vive, passou pelo estado embrionário, teve sua infância, adolescência e maturidade; a decrepitude da velhice já começou.”

Tais são, pelo menos, as conclusões da Ciência moderna com o conhecimento dos dois elementos “que estão colocados nos dois ângulos inferiores do triângulo”, quero dizer, a matéria e a força ou energia.

Fato curioso: os bramas e os pandits (sábios filósofos do Oriente), possuem há milhares de anos uma cosmogonia idêntica; em sua linguagem simbólica denominam eles este “desmoronamento final” das esferas, esta parada do Universo no ponto morto, “a noite de Brahma”, a noite durante cujos inúmeros séculos, depois de haver reabsorvido tudo em si, os deuses juntamente com as coisas, “o Antigo dos dias” repousa contemplando-se em seu Parabrahm Eterno.

– Que fica sendo o homem no meio dos destroços de astros, volatilizando-se ao choque uns dos outros? – Que fica sendo a Consciência do ser e que sorte vai ser a sua?

A Ciência ainda não se ocupa disso, mas forçosamente vai ser levada ao estudo destas coisas, porque as manifestações de consciência no além-da-vida começam a chamar-nos a atenção, a reclamar o nosso exame.”

*   *   *

– Que concluímos de tudo o que foi exposto neste capítulo? Nada. 

As teorias são revolucionárias, mas o nosso raciocínio, o alcance de nosso campo de compreensão, não está ainda em condições de apreender totalmente estas sutilezas.

– Na prevista parada da massa material do Universo, reunida em uma massa única, o que a envolverá? - Não encontramos resposta.

– Existe realmente a matéria?

– Ou é uma propriedade da energia movimentando o éter? – Existe o éter? – E, existindo, não é, ele próprio, matéria num outro estado não conhecido ou analisado?

– Como foi produzida inicialmente a energia do Universo?

– Não será, talvez, a energia, um efeito da matéria excitada por algo que não é matéria nem energia?

Fizemos então surgir a necessidade de um princípio excitador da matéria.

Se a matéria é a condensação da energia, algo produziu a energia. Se a energia é proveniente da matéria, algo agiu sobre esta última.

De qualquer forma o nosso raciocínio solicita a existência de um princípio animador.

– Eu disse raciocínio?

– Será entretanto razoável admitir-se que o raciocínio emane da matéria ou da energia?

– Não será, talvez, mais aceitável considerarem-se como emanação do Princípio animador as manifestações de raciocínio ou de inteligência?

Evidentemente deve haver um princípio, o Princípio-inteligência, que, animando e excitando a matéria inanimada, nos apresenta a solução para problemas considerados, anteriormente, insolúveis e misteriosos.

Matéria e Energia
Por Felino Alves de Jesus